Rossicléa: sucesso na TV e por onde passa
Valéria Vitoriano relembra o começo da carreira, e diz que
tem muito em comum com Rossicléa. Confira a história da personagem.
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Foto Arquivo Pessoal |
O Ceará é conhecido por suas lindas praias e povo acolhedor,
terra famosa pela alegria de sua gente. Popular berço
de mestres do humor como, Chico Anysio, Tom Cavalcante, e Renato Aragão, é aqui
que vive uma das líderes da trupe de humoristas tops de Fortaleza, Valéria Vitoriano, mais conhecida
como Rossicléa, e é com ela a entrevista de hoje.
Nascida em fortaleza, no dia 29 de julho de 1970, Valéria
conta um pouco da sua historia e relembra sua infância feliz de quando morou em
frente ao canal do bairro Jardim América. Filha única, estudou na década de
oitenta em colégio religioso, ‘brincava muito sozinha e via muita TV’, comenta.
O jeito irreverente da consagrada humorista, com inusitadas
perguntas engraçadas durante a interação com o público em seus shows, atrai
cada vez mais fãs para a personagem de Valéria Vitoriano, a famosa Rossicléa. Participações em
programas de TV, como Show do Tom, Domingão do Faustão, Programa do Ratinho,
entre outros, fazem parte de sua trajetória de sucesso. Rio de Janeiro, São
Paulo, São Luís, Teresina e Salvador, são algumas das cidades por onde a dama
do humor já se apresentou. Atualmente, Rossicléa se apresenta
exclusivamente na Lupus Bier, casa de shows de humor com espetáculos nas noites de terças, sextas e sábados. A casa
tem entrada com preço fixo, que dá direito a Buffet de massas, pizzas
e comida regional, e fica localizado na Praia de Iracema próximo a Ponte dos Ingleses, ponto
turístico de Fortaleza. Seus shows
retratam situações engraçadas o que torna cada espetáculo singular, e faz com que seus fãs retornem à casa.
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Foto Arquivo Pessoal |
Cultura Franca: Como a
Rossicléa surgiu na sua vida, de onde veio sua inspiração?
VALÉRIA VITORIANO: Eu tinha
17 anos. Estava acabando o segundo grau, mas a personagem já havia nascido no
comecinho da adolescência, nas festas de família, onde eu preferia ficar na
cozinha da casa da minha avó e conversar com as “figuras” que ali trabalhavam,
estudando seus trejeitos e registrando histórias maravilhosas do Interior do
Ceará. Daí até lapidar e construir todo o universo da própria personagem foi um
pulo, inclusive porque usei por muito tempo os programas da rádio AM e as
ligações ao Disque Amizade (145) como “laboratório”. Levava as fitas k-7 com as
gravações das ligações para o colégio que eu estudava (Imaculada Conceição) e
junto de minhas colegas ríamos muito de quanta veracidade passava a Rossicléa
para os incautos ouvintes e radialistas.
CF: E suas apresentações
profissionais como começaram a surgir? Onde foi sua estreia?
VV: O começo mesmo, “valendo”,
foi dia 14 de agosto de 1988. Já se foram mais de 25 anos da primeira
apresentação em público. Era um final de tarde de um domingo onde minha prima Karla
Karenina (personagem humorista Meirinha) e eu desenvolvemos uma ação junto com
outros artistas militantes do Partido Verde, para a candidatura de Mário
Mamede. Estreei em um tablado na Praia de Iracema. A partir daí, a dupla
Rossicléa & Meirinha (que durou pouco mais de um ano) começou a receber
convites para se apresentar em C.A.s, D.C.E.s, restaurantes, etc. Em seguida o
Júlio Trindade lançou o Festival Brega do Pirata e tiramos o segundo lugar.
CF: Você usa alguma técnica? Qual
o segredo da profissão?
VV: As minhas vivências com os
shows foram me mostrando o caminho, me dando uma certa forma de fazer humor. Mas,
não chamo de técnica. É uma experiência completamente pessoal, pitadas de
insights e desafio diante das situações. Adoro improvisar, e não sou o tipo de
pessoa que desiste de algo só porque é mais difícil. Texto para mim é
imprescindível, a gente tem que se situar em cena, mas criar é maravilhoso, e o
público quando vê o improviso delira!
CF
Como é o seu envolvimento com a personagem? O que tem em comum?
VV: Não desvinculo a ‘pessoa
física’ da ‘pessoa jurídica’ nunca. Às
vezes, a Valéria passa por situações e pensa como a Rossicléa eagiria. Temos
muito em comum
CF:
Você costuma e gosta de ser reconhecida na rua sem está caracterizada de
Rossicléa?
VV: Às vezes, sou reconhecida
sim. Outras quando calada, passo batido. Mas não me escondo não; vivo
normalmente, sou mãe, empresária, artista, dona-de-casa e faço tudo isso com
muita paixão. É sempre muito bom o carinho do público. Fico feliz quando se
mostram íntimos, é quando a gente vê o quanto a personagem faz bem.
CF:
Como sua família encara sua profissão hoje? E no inicio como foi para eles?
Quem te apoiou?
VV: Tenho dois filhos, sempre souberam
que a mãe era artista. Eu saía para trabalhar e dizia: “Vou pegar o dinheiro
pro seu leite e volto já.” Adoram e me apoiam. No início meus pais pensavam que
era algo passageiro, brincadeira, mas quando viram que a coisa deu certo...
CF: Você trabalha em outra
área?
VV: Não, vivo do humor desde o
começo. Mas também já vi muita gente que sempre teve algo paralelo (emprego,
faculdade) para poder se manter. Eu comecei fazendo humor em um ano em que não
consegui passar para faculdade de Comunicação Social. E deu certo. Depois
voltei a tentar o vestibular, passei, fiz um semestre, mas já não dava para
conciliar com os shows da noite e as muitas viagens, ou seja, se eu não fosse
humorista seria jornalista. Mas desde 1988 tenho uma empresa de shows e vivo do
humor.
CF: O que há de melhor e pior
em ser humorista? Conte-me uma situação engraçada ou uma constrangedora.
VV: O melhor e o pior caminham
juntos. Já ouvi gente falando da Rossicléa do meu lado sem saber que ela sou
eu... Como também já vi gente falando muito mal de colegas e fiquei muito
constrangida. Respeito, carinho e solidariedade se encontram em todo lugar,
assim como gente mal educada. Resta saber qual vai ser sua resposta diante
dela.
CF: Como é sua rotina diária?
Quais são os investimentos para manter uma humorista tão célebre como aRossicléa?
VV: O artista não tem rotina.
É um dia aqui, outro viajando, não tem hora nem dia para descansar. Considero-me
uma operária do humor! A maioria das vezes viro a noite e durmo pela manhã. Sou
somente uma mulher que sobe num palco e faz rir
CF: Defina-se como
profissional do humor.
VV: Acho que o profissional do
humor é alguém que geralmente é conhecido,
é querido, está superexposto, ou tem “reconhecimento” da sua arte na
família, grupo, cidade ou país, ou simplesmente consegue viver bem
financeiramente com o que faz. Mas tudo isso naturalmente. Não significa que
estão todas essas coisas num pacote só (ou durante o mesmo período). Muita
gente sobe num palco porque enxerga o cifrão, o novo “nicho” no mercado e
porque se considera ‘o engraçado’ na roda de amigos. Faz para “ser famoso e
ganhar dinheiro”. Geralmente se frustra, pois quis fazer de profissão algo que
não é vocação. Comigo foi diferente: eu sabia que era isso que queria fazer na
minha vida e nunca tive medo que não fosse dar certo, eu simplesmente fiz.
CF: Como você vê a
receptividade do público quando a Rossicléa sobe ao palco? Ainda bate o
nervosismo?
VV: Claro, sempre! O frio na
barriga sempre bate. Mas sinto a Rossicléa muito querida pelo povo e fico muito
feliz com isso.
CF: Quais os próximos
projetos? Algum sonho especial?
VV: Muitos projetos e, como são
projetos, não posso contar ainda! hahahahahaha...
CF: Deixe seu recadinho para
os fãs da Rossicléa.
VV: Quero deixar meu beijo
grande, meu agradecimento, desejar que sejam muito felizes e um conselho:
sempre peçam a Deus para mostrar o caminho. A sua intuição com a ajuda de Deus
é o que nos faz andar para frente.
CF: Querida, foi uma honra
entrevistar uma artista tão prestigiada por todos. Obrigado por ser esse ícone
do humor de imensurável talento. Um grande beijo! Agradeço carinhosamente a sua
atenção.
VV:
Eu que agradeço, Márcia. Beijos!
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Foto Arquivo Pessoal |
SERVIÇO:
SHOW DE HUMOR COM ROSSICLÉA E CONVIDADES
Dias: Terças, Quintas e
Sábados
Horário: A partir das 21
horas
Reservas no
(85) 3219.2829
Márcia Delmiro
Jornalismo FAC